Complexo Geológico Madeira-Tore


Os bancos Gorringe, Seine e Josephine fazem parte do complexo geológico Madeira-Tore.

O Banco Gorringe

O Gorringe é um grande banco submarino de origem vulcânica com encostas íngremes e uma altura de 5000 metros, atingindo a zona fótica com cumes a menos de 50 metros abaixo do nível do mar (no caso dos montes Gettysburg e Ormonde). Foi descoberto em 1875 por Henry Honeychurch Gorringe, comandante do U.S.S. Gettysburg. Localiza-se na zona económica exclusiva de Portugal, a cerca de 200 km da costa sudoeste de Portugal Continental. Orientado na direção nordeste-sudoeste, ocupa uma área de cerca de 9500 km2 com uma extensão de mais de 180 km. Faz parte da cadeia de montes submarinos da Ferradura que se estende entre a costa de Portugal Continental e o arquipélago da Madeira. 

O Banco Gorringe é um dos montes submarinos mais antigos do Atlântico, com 110-135 milhões de anos. O seu desenvolvimento começou durante o Jurássico superior ao mesmo tempo que a formação do Atlântico Norte. Devido à sua localização entre as placas tectónicas Africana e Eurasiática, tem sido associado a fenómenos de sismicidade geológica. É influenciado principalmente pelas correntes do Golfo, do Antártico e do Mediterrâneo. A conjugação destas condições oceanográficas leva ao afloramento de águas profundas ricas em nutrientes que favorecem a ocorrência de elevada produtividade primária.

Apesar da sua relativa proximidade da costa continental portuguesa e da importância já reconhecida como “hotspot” de biodiversidade, há poucos estudos biológicos realizados no Gorringe, muito embora seja foco de grande atenção de há alguns anos a esta parte, tendo sido, recentemente, incluído da Lista Nacional de Sítios e proposta a sua classificação como Sítio de Importância Comunitária (Resolução do Conselho de Ministros nº 59/2015 de 31 de julho).

A) Fundo de esponjas “lollipop”, compostas por espécies do género Podospongia e por outras não identificadas. Fonte: OCEANA 2014. B) Fundos de coral negro (Antipathella sp. e Tanacetiphates sp.) formando florestas mistas sobre zonas rochosas com alguma sedimentação. Fonte: OCEANA 2014. C) Torpedo marmorata © OCEANA 2014 / Carlos Suarez.


Espécimes recolhidos durante a campanha ARQBIOMETORE-44-V15 realizada entre agosto e setembro de 2015.

Monte submarino Seine

O monte submarino Seine está localizado no Atlântico a nordeste do arquipélago da Madeira. Tem uma altura de mais de 4000 metros e é formado por um único pico com um planalto a uma profundidade de 170 metros abaixo do nível do mar. A superfície do planalto é dominada por sedimentos biogénicos grosseiros com “ripple-marks” (o que indica que os fluxos das correntes são fortes no fundo) e poucos afloramentos rochosos.

Espécimes de moluscos bivalves e gastrópodes colhidos no monte submarino Seine. (Autor: Serge Gofas).

Monte submarino Josephine

O monte submarino Josephine ocupa uma área de 19 370 km2 a leste da crista Médio-Atlântica, entre a Madeira e Portugal Continental. É o ponto mais ocidental do conjunto de bancos e montes submarinos que separam as planícies abissais do Tejo e da Ferradura. Foi descoberto pelos tripulantes da corveta sueca Josephine no decurso de uma expedição científica no Atlântico Norte em 1869, os quais lhe deram o nome da corveta. Tem forma oval e eleva-se até 170 m abaixo da superfície do mar. Apresenta uma superfície de cerca de 150 km2 quase plana aé aos 400 m de profundidade e, novamente até aos 500 m de profundidade, uma área de cerca de 210 km2 também quase plana. O cume é composto por rochas basálticas e mosaicos de calcário e areias homogéneas bioclásticas com grande quantidade de organismos bentónicos recentes e fósseis, tais como, foraminíferos, briozoários, corais, tubos de vermes, moluscos e equinodermes. Os afloramentos rochosos estão cobertos por densos aglomerados do coral Callogorgia verticillata e da gorgónia gorgonian Elisella flagellum, bem como da esponja Asconema setubalense. Nas areias bioclásticas encontram-se povoamentos por vezes muito densos da ascídea Seriocarpa rhizoides. Atualmente, conhecem-se no monte submarino Josephine cerca de 150 espécies de invertebrados (esponjas, hidrozoários, corais, gorgónias, poliquetas, bivalves, cirrípedes, ostrácodes, picnogonídeos, braquiópodes, ouriços e ascídias) e 31 espécies de peixes.

Moluscos bivalves e gastrópodes colhidos no monte submarino Josephine. (Autor: Serge Gofas)


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