Pressões Antropogénicas


Estimação das pressões antropogénicas

Com o declínio dos recursos pesqueiros em águas costeiras, a procura crescente, e o desenvolvimento de novas tecnologias, as pescas expandiram-se para mar alto e águas mais profundas. Em particular, os montes submarinos estão entre esses “novos” ecossistemas-alvo. Os montes submarinos são áreas de grande biodiversidade; muitas espécie comerciais formam agregações densas sobre estes montes, e em particular os montes com topos superficiais, como o Gorringe, suportam stocks de pesca importantes, constituindo zonas de pesca atrativas. Durante as últimas décadas do século XX assistiu-se a um aumento considerável do esforço de pesca nestas áreas; no entanto, a informação existente sobre o tipo e a intensidade da pesca nestes montes é escassa.

Sabemos que existe uma atividade pesqueira significativa levada a cabo pelas frotas de pesca do continente e da Madeira, para além dos navios espanhóis, operando na área em estudo, em particular em volta dos montes submarinos do Gorringe, Josephine e Seine, dirigida ao atum, ao espadarte e ao peixe-espada preto.

A navegação constitui outra atividade humana com impacto potencial nos ecossistemas, que necessita ser tomada em consideração quando são avaliadas ameaças à biodiversidade marinha no ambiente costeiro e em mar profundo. Estas ameaças podem encontrar-se maioritariamente associadas às descargas deliberadas de lixo, aos derrames acidentais, à limpeza de águas de lastro e à poluição sonora, entre outras.

Estes ecossistemas são extremamente vulneráveis às pressões humanas, sendo  necessário quantificar e mapear estas pressões. Presentemente, a atividade de todas as embarcações operando nestas áreas é monitorizada através dos sistema de geo-referenciação VMS (Vessel Monitoring System), obrigatório em embarcações de pesca, ou AIS (Automatic Identification System), obrigatório para todas as embarcações,. Ambos os sistemas reportam a posição da embarcação e a sua velocidade ao longo do tempo, com o sistema AIS a reportar também o tipo de navio e as suas dimensões.

Estimação das capturas da pesca nos montes submarinos 

Nesta WP, procurar-se-á caracterizar, temporal e espacialmente, as atividades pesqueiras em termos de artes utilizadas, operações de pesca e capturas nos montes submarinos através da utilização conjunta dos diários de pesca e dos dados georreferenciados. Um dos objetivos é a quantificação da pressão de pesca nos fundos; por outro lado, a integração desta informação com os registos das capturas permite caraterizar os padrões de distribuição quer das espécies-alvo, quer das espécies acessórias das pescarias, e ainda quantificar a captura por unidade de esforço.
Nas embarcações do continente que operam nos montes submarinos Gorringe e Josephine, será feita uma recolha de dados sobre as pescarias através de observadores a bordo. Esta informação permitirá a  verificação cruzada e a validação dos resultados obtidos.

Impactos de pesca de fundo nas EMV e a distribuição de lixo nos montes submarinos em mar alto 

Os montes submarinos são conhecidos por hospedarem diversas comunidades de corais de profundidade e de esponjas que formam habitats importantes para muitos organismos. Estas comunidades foram recentemente incluídas na lista de Ecossistemas Marinhos Vulneráveis (EMV) com necessidade urgente de proteção (FAO, 2009). A captura acessória de corais e esponjas tem sido reportada por muitas pescarias de profundidade, incluindo o palangre e o arrasto mas a extensão desta mortalidade induzida continua sem avaliação em muitas áreas.

O impacto das atividades de pesca nestes fundos estende-se devido a outro tipo de ameaça, emergente para os ecossistemas marinhos. Estudos recentes demonstraram que as atividades pesqueiras são também responsáveis pela maioria do lixo encontrado nos montes submarinos, com efeitos potenciais a longo prazo na fauna bentónica local.

O objetivo deste WP será o de avaliar o nível de perturbações provocadas pela pesca nas comunidades bentónicas dos montes submarinos, ao fazer a ligação entre a distribuição espacial do esforço de pesca com dados in situ ao nível do impacto físicos nas comunidades epibentónicas e na distribuição de lixo.


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