Habitat Bentónico


A ocorrência de diferentes comunidades biológicas caracterizadas por uma apreciável diversidade é favorecida pelas fortes correntes que se fazem sentir ao redor dos montes submarinos, pelos gradientes batimétricos e pela dominância de substratos duros, tais como como rocha, calhaus e cascalho. Os cumes dos montes submarinos que atingem a zona eufótica são dominados por florestas de algas castanhas (kelp) e algas calcárias, enquanto que os sedimentos depositados nas bases ou em plataformas e cumes planos servem de habitat a uma grande variedade de endo e epifauna, assim como a organismos intersticiais. As esponjas de profundidade e os corais de água fria são também elementos-chave nos montes submarinos, pois formam habitats estruturalmente complexos, caracterizados por elevada abundância e biodiversidade e, constituindo também, um meio privilegiado para a alimentação, postura e desenvolvimento de juvenis de várias espécies, incluindo peixes com elevado valor comercial. Tanto as esponjas como os corais são espécies de crescimento lento e de vida longa e, por isso, apresentam uma recuperação lenta relativamente à perturbação física do seu habitat provocada por atividades humanas tais como, a pesca, a exploração petrolífera e a mineração. Por tal razão, estas frágeis espécies ou associações de espécies foram incluídas na lista de ecossistemas marinhos vulneráveis, abreviadamente designados por VME (Vulnerable Marine Ecosystems) que requerem medidas de conservação prioritárias estabelecidas pela Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas 61/105. Para além disso, algumas das espécies de peixe presentes nos montes submarinos têm vida longa, crescimento lento e maturação tardia; algumas formam densos grupos na época da reprodução, tornando-se alvos fáceis para a pesca. Neste sentido, é urgente desenvolver atividades de investigação e monitorização com o objetivo de dar suporte à definição de medidas de gestão sustentável, eficazes para garantir a proteção destes ecossistemas. O mapeamento da distribuição espacial de atributos abióticos (e.g.: topografia, batimetria, tipo de substrato) e bióticos (e.g.: comunidades biológicas e biodiversidade) constitui uma ferramenta de base para dar suporte a essas medidas e para apoiar a elaboração de planos de monitorização a longo-prazo, eficientes e economicamente sustentáveis.

As tarefas propostas no âmbito do WP2 do projeto BIOMETORE fornecerão, através da identificação, classificação e mapeamento dos habitats e biótopos bentónicos de grande profundidade e com elevado valor biológico, importante informação científica de base para o estabelecimento de ações de conservação e gestão. A avaliação da biodiversidade daqueles habitats será também de extrema importância para as ações mencionadas. 

O mapeamento dos habitats e biótipos bentónicos será realizado em colaboração com o Institute of Marine Research da Noruega, beneficiando, assim, da experiência obtida e da metodologia desenvolvida no âmbito do programa norueguês de mapeamento de habitats bentónicos, MAREANO. 

Os resultados do WP2 providenciarão o necessário suporte científico ao objetivo de Portugal de criar duas áreas marinhas protegidas de grandes dimensões delimitadas em áreas oceânicas profundas, englobando os complexos submarinos Madeira-Tore e Great Meteor. Este objetivo constitui uma das medidas para a avaliação contínua do estado ambiental das águas marinhas portuguesas (incluídas nos programas de monitorização e de medidas submetidos para o desenvolvimento da Diretiva-Quadro “Estratégia Marinha”), com vista à obtenção do bom estado ambiental, à sustentabilidade dos recursos naturais marinhos e à preservação das atividades económicas que dependem do ambiente bentónico.


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